O que aconteceu no Paraguai, na última sexta feira
(22) foi um golpe de Estado-Classe.
Primeiro porque, um governo legítimo e eleito pelo
povo foi destituído, e sem poder exercer o amplo direito de defesa. Peça
fundamental de toda e qualquer democracia.
Também foi um golpe de Classe, porque as “elites” do
país vizinho, representadas pela maioria dos senadores e deputados apoiaram e
até financiaram o golpe compra o Presidente Lugo.
Por estes motivos, o blog irá reproduzir a nota
oficial divulgada pelo Partido dos Trabalhadores. Aqui do Brasil.
Segue a Nota:
"O Diretório Nacional do Partido dos
Trabalhadores manifesta seu total repúdio e condenação ao afastamento do
presidente constitucional do Paraguai, Fernando Lugo, legítimo mandatário
daquele país.
A direita paraguaia, valendo-se de sua maioria
parlamentar, promoveu uma deposição sumária, na qual concedeu ao presidente não
mais que duas horas para se defender de um processo de impeachment.
Os setores conservadores paraguaios empreenderam,
assim, um verdadeiro golpe de estado, destituindo um presidente eleito soberana
e democraticamente pelo povo paraguaio.
O pretexto imediato utilizado para o golpe foi o
confronto entre policiais e camponeses, durante ação de reintegração de posse
de um latifúndio ocupado por sem-terra. Fala-se em mais de cem feridos, onze
camponeses e seis policiais mortos.
A direita acusou o governo Lugo de responsável por
incitar a violência, desencadeada pela polícia cumprindo ordem judicial. Mas os
indícios todos apontam noutro sentido: o de que este confronto militar foi
provocado por agentes estranhos aos camponeses, que vivem num país em que 80%
da terra é controlada por 3% da população.
Ademais, qual a situação econômica e social do
Paraguai? O país hoje cresce mais do que antes, a população vive melhor do que
antes. E a nação guarani tem, sob Lugo, uma respeitabilidade que lhe faltava na
época da ditadura Stroessner e de 60 anos de governo colorado.
Por isto, o motivo real do impeachment é outro:
impedir uma vitória da esquerda paraguaia, agrupada na Frente Guasu, nas
próximas eleições presidenciais marcadas para abril de 2013.
É por isto que a direita paraguaia recusou os
apelos de adiamento da decisão e ampliação do prazo de defesa, feitos pelos
governos da Unasul por intermédio de seus ministros de relações exteriores.
É por isto, também, que a Corte Suprema do
Paraguai, controlada pelas mesmas oligarquias que dominam o parlamento,
calou-se e na prática avalizou o golpe.
O que ocorreu no Paraguai é de imensa gravidade.
Trata-se de um atentado contra a democracia, somando-se a Honduras no perigoso
precedente segundo o qual instrumentos jurídicos e expedientes parlamentares
são manipulados para espoliar a vontade popular.
O golpe demonstra que certas forças de direita não
têm compromisso com a democracia, não aceitam o processo de transformações
sociais que está em curso na América Latina, e são capazes de lançar mão de
qualquer expediente para retomar os governos dos quais, pela vontade do povo
expressa diretamente nas urnas, eles foram retirados.
O golpismo não será revertido apenas com palavras.
É preciso uma reação latino-americana e internacional firme e dura.
Por isso, além de condenar o golpe, é fundamental
que nenhum governo democrático reconheça o mandatário ilegítimo que foi
empossado.
E é urgente que os organismos da integração
sul-americana, especialmente o Mercosul e a Unasul, utilizem-se de todos os
instrumentos que estiverem a seu alcance para deter mais esta afronta à ordem
constitucional por parte das forças conservadoras em nossa região --inclusive
suspendendo imediatamente o Paraguai da condição de país membro até que a
normalidade democrática seja restaurada.
O PT considera que a luta para restabelecer o
governo legítimo do Paraguai é de todas e todos, e conclama nossa militância a
se engajar nas manifestações e protestos que em diversos lugares clamam pela
restituição de Fernando Lugo ao governo paraguaio.
Orientamos também nossos parlamentares em todas as
casas legislativas a atuar nessa direção, através de pronunciamentos,
declarações, moções e outras formas de manifestação de repúdio ao golpe e apoio
à democracia paraguaia.
Ao povo paraguaio e ao presidente Fernando Lugo,
todo nosso apoio e solidariedade contra o golpe!
Brasília, 25 de junho de 2012
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores"